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terça-feira, janeiro 25, 2005
 
Passou mais um ano!

2004 já lá vai.

Bem-vindo 2005!

Como não podia deixar de ser, nesta época de balanços, olhamos para trás e para a frente e fazemos futurologia.

Não é meu objectivo fazer futurologia, nem mesmo olhar para trás e fazer o balanço de 2004. No entanto, olhando para hoje há um ano atrás, vejo-me a pensar num 2004 em cheio. Um 2004 que supostamente me traria alguma estabilidade.

O cenário era de crise. Portugal estava a apertar o cinto!

Apesar disso, havia uma certa esperança de que, um ano depois, a situação do país fosse melhor. No fundo, todos esperávamos que a tão desejada retoma se instalasse.

Mas não instalou. Antes pelo contrário. O que deveria ser um ano de consolidação revelou-se mais um ano de grande instabilidade. Instabilidade política e instabilidade económica foram recorrentes em 2004 e o que é facto é que se acabou 2004 da mesma forma que se acabou 2003: a discutir receitas extraordinárias para anular o défice orçamental.

Parece-me correcto pensar que 2005 não será muito diferente. Como existe um défice elevado (acima dos 3%) as perspectivas para 2005 são de "mais do mesmo".

Ou seja, com 3 campanhas eleitorais em tão curto espaço de tempo, um défice a combater e um país que continua a produzir pouco e a aproveitar ainda menos os fundos estruturais que vêm da União Europeia, podemos prever um 2005 cheio de mais instabilidade política e instabilidade económica.

Resta a esperança de que, pelo menos este ano se venha a tornar um ano mais rico em crescimento e consolidação para que em 2006 estejamos num patamar que possibilite a canalização de mais verbas para o investimento em questões de grande importância para a sociedade como por exemplo a Saúde e a Educação.

Não gosto de traçar cenários negativos, por isso julgo importante olhar para esta perspectiva como um conjunto de eventos que podem ocorrer e que, eventualmente, poderão ter um impacto mais ou menos negativo na vida de todos nós.

No entanto, a esperança de um ano melhor acompanha-me e espero que a todos vós!

Um bom ano 2005 para todos!

Marco Rodrigues
Economista
Postal do Algarve 13.01.2005
 
O mau cidadão transforma o bom cidadão

O Prof. Cavaco Silva escreveu um excelente e polémico artigo no jornal Expresso de 27.11.2004 intitulado "Os políticos e a lei de Gresham", onde exprimia a sua preocupação sobre a qualidade dos nossos políticos, referindo que "os agentes políticos incompetentes afastam os competentes".

Considero que este princípio do bom afastar o mau é universal e tem diversas aplicações. Veja-se o caso da fruta, onde uma peça podre rapidamente contagia as que estiverem em contacto com ela.

Outra aplicação encontra-se no civismo que cada um de nós transporta. Vejamos alguns exemplos.

Não sei como era possível existir vida antes do telemóvel (A.T.). Será que não havia mensagens urgentes? Problemas com necessidade de acção imediata? Hoje em dia, qualquer deputado, Ministro, alto dirigente de qualquer organismo público ou privado, atende o telemóvel no meio de qualquer reunião de trabalho ou conferência. O pior de tudo é que já o fazem com a maior das naturalidades, tal como respiram. Sem perceberem que estão a incomodar e pouco se importando com isso.

Os mestrandos atendem os telemóveis durante exames de mestrado, os professores recebem chamadas durante as aulas, os médicos são contactados durante as consultas e os alunos enviam e recebem sms's durante as aulas. Se no início eram apenas alguns, hoje é a maioria esmagadora. Não haverá aqui uma paranóia qualquer?

O novo código da estrada deverá entrar em vigor em Março do corrente ano. Valerá a pena ter código da estrada quando, para certas partes do mesmo, não há ninguém que faça cumprir a lei? Uma vez que começaram a escassear os lugares para estacionar, os mais afoitos começaram a estacionar em segunda fila em vez de procurarem lugar mais longe. Os condutores cumpridores começaram a ver que o seu esforço não era recompensado e passaram também a estacionar incorrectamente. Hoje em dia já se estaciona em segunda fila ocupando a entrada para … um lugar vago, uma vez que dá menos trabalho! A Policia já deixou de se preocupar e só actua, penso eu, por queixa de algum lesado.

Como em tudo, não se deve ser fundamentalista. Uma situação é estacionar-se de forma incorrecta mas de forma a não prejudicar os outros, outra situação é estacionar-se de forma incorrecta prejudicando quem por lá passa.

Até há poucos anos, quando alguém estacionava em dupla fila, pedia desculpa ao lesado quando vinha retirar a viatura. Hoje já é uma situação tão natural, que até fica ofendidos se o lesado pede uma satisfação…

Os passeios reservados a peões estão cheios de carros, os peões não conseguem circular nos passeios, em especial se levarem carrinhos de bebé, cadeiras de rodas ou tiverem deficiência visual, por exemplo, estaciona-se no meio da faixa de rodagem, fazendo com uma estrada com duas faixas passe a ter só uma, enfim, tudo é permitido.

Com o tempo, os cumpridores começaram a ver que a balda é que vence e tornaram-se também baldas. A Policia deixou de actuar, passa pelas situações e já nem liga.

Nos supermercados as pessoas "normais" ficam ofendidas quando numa caixa destinada a pessoas com deficiência e grávidas, uma pessoa deficiente ou grávida lhes pede para passar à frente!!! Um dia destes cheguei a ouvir dizer "a senhora está grávida, mas ainda tem a barriga pequena!". Excelente motivo para não dar o lugar a uma grávida… numa caixa para grávidas…

Às vezes até parece que anda meio mundo a tentar enganar o outro meio mundo…

João Nuno C. Arroja Neves
Economista
Jornal do Algarve 06.01.2005
 
A competitividade

A competitividade tem sido apresentada como um objectivo estruturante para o nosso país, no entanto verifica-se que, embora identificada como um problema, ainda não saiu do plano político.

Portugal tem empresas de ponta, tem outras em áreas inovadoras, todavia, a grande maioria carece de formação, tanto ao nível dos "assalariados", como dos "patrões". Estes últimos, especificamente, em gestão de recursos humanos e, fundamentalmente, em planeamento e internacionalização (especialmente para a indústria, mas não só).

A competitividade portuguesa é genericamente considerada baixa, comparativamente com países onde os empresários investem, onde a gestão planeia e onde até os sindicatos desempenham um importante papel neste esforço.

Não quero com isto dizer que só nos resta resignar e deixar o país produtivo como está. Mas quero focar o grande défice tecnológico (i.e. equipamentos e novas tecnologias) existente hoje, que tende a crescer, contribuindo para os baixos níveis de produtividade actuais. Resta estudar quanto.

O tecido empresarial carece de mais tecnologia (e também I&D), de recursos humanos mais motivados e de um ambiente geral estável; um estado regulador, sem ser paternalista, e de instituições a funcionar de forma regular. Desde o governo, às suas repartições.

As micro e as pequenas e médias empresas, que representam a maioria do efectivo, são o motor de qualquer economia saudável. Aceito que estejam carecidas de recursos financeiros, mas é ao nível da gestão que o estado deve também procurar intervir.

Como?

Cada vez que o estado legisla mais férias (de 22 para 25), dias de formação obrigatórias (são 20, vão ser 35 horas por trabalhador e por ano) está a dizer que os empregadores deverão fazer um esforço acrescido. Quem paga estas medidas? As empresas, claro! Onde fica a produtividade? Na mesma... ou quase!

O estado deve ser fundamentalmente regulador e fiscalizador, deve sair do processo produtivo, mas já que oferece (com recursos que não são dele) mais regalias sociais, deve também exigir formação de empresários e impedir aqueles que levam insistentemente e regularmente empresas à falência, ou com resultados negativos anos a fio, de exercer a actividade. Isto é que é difícil...

Não é pelo aumento de férias ou ordenados que se induz produtividade. É interessante que se premeie com três dias de férias aqueles que não faltaram no ano anterior! Manter a assiduidade não será um dos deveres essenciais do contrato que liga um trabalhador a uma empresa? Sabe-se também que não se aumenta directamente a produtividade com o aumento do salário base. Apenas os incentivos dependentes da produção permitem gerar aumentos significativos e persistentes. Quantas empresas, com o recurso à distribuição de participações ou outros incentivos por objectivos cumpridos, conseguem elevar a produção para níveis bastante interessantes? Estas empresas estão por aí, basta um pouco de benchmark!

Não defendo o aumento da semana de trabalho, até concordo com a redução para as 35 horas. Mas que sejam de trabalho efectivo! Se ao empregador cabe cumprir as obrigações que tem para com o trabalhador, a este cabe trabalhar de forma racional, aproveitando cada minuto do tempo que está ao serviço da empresa. Produzir bem não é sinónimo de produzir muitas horas! Para conseguir aumentar a produtividade, é necessário saber gerir processos racionais de produção, motivar os recursos humanos, integrar e realizá-los e, sem esquecer, premiar quando possível esse esforço, nem que seja com um "muito bem"!

Já agora, não deveriam os aumentos discutidos em concertação social terem por base a produtividade de cada sector, ou mesmo empresa? Assim como os da administração pública? Vencimentos diferenciados para trabalhadores diferenciados. Esta é, na minha opinião, o princípio de qualquer política pró competitividade.

Desejos de um 2005 muito produtivo!

Jorge Lami Leal
Técnico de Gestão
Magazine do Algarve - Janeiro de 2005
 
Pensar política

O vazio a que os partidos políticos nos remeteram, de alguns anos a esta parte, no que respeita à apresentação de medidas concretas para resolução dos nossos problemas, tornou-se ao mesmo tempo assustador e confrangedor. Claro que parte deste vazio é propositado e resulta de uma gestão das expectativas e da política que é necessário fazer, nomeadamente quando se sabe que grande parte das críticas feitas pelos partidos que se encontram na oposição é intelectualmente desonesta. Não importa explicar como fariam, importa antes criticar para desvalorizar. Explicar como fariam, pode trazer consequências futuras quando se é poder e se constata que se tem de fazer o que antes se tinha criticado. Alguns dirão que tudo isto é próprio da política. Eu diria que tudo isto desacredita os políticos e leva-nos ao outro lado da questão, que é a de saber se as alternativas não são apresentadas só por uma questão de conveniência política, ou por outro lado, porque os partidos e os políticos se movimentam apenas numa lógica de alternância no poder, não importando para isso esclarecer os eleitores. Mais valia que apresentassem programas eleitorais credíveis e exequíveis, que sejam resultado de estudos produzidos que levem à adopção das medidas mais eficientes. Sem esta forma de estar na política não há clima de confiança que resista.

Falar de partidos políticos e de política hoje em dia, é substancialmente diferente do que era no passado. Assiste-se hoje a uma profissionalização desta actividade, na medida em que esta é apresentada como uma hipótese de carreira apetecível para alguns, que há falta de carreiras profissionais no sector privado ou público vêem aqui uma oportunidade. Até aqui nada de mal, embora seja difícil de compreender que quem nunca tenha desenvolvido uma actividade na vida civil possa estar bem preparado para servir a vida pública?! Alguns dirão que esta questão é discutível, mas na verdade ela é a prova de que existe um conjunto de valores na nossa sociedade que estão invertidos. Como pode alguém que depende da política e das nomeações para viver, tomar decisões em nome de todos e a bem de todos, mesmo que isso lhe custe a carreira ou o lugar?! Penso que foi Max Webber que disse que a política não é para quem quer, é para quem pode. Ora aqui está algo que mudou com o tempo. Salvo as devidas excepções, estar na política hoje em dia, é antes lugar para quem não tem espinha dorsal, vive em função dos ventos e das marés, tem mais habilidade para fazer as alianças certas e não tem escrúpulos nem olha a meios para atingir fins.

Esta análise, que puderá ser exagerada, reflecte aquilo que uma grande parte da opinião pública pensa hoje em dia dos políticos, e ajuda também a explicar o porquê de muitos considerados válidos e competentes continuarem afastados da vida pública.

O momento que a nossa vida política atravessa, e os problemas estruturais que o país tem, são fruto do trabalho que os governos que tivemos não souberam fazer, por falta de capacidade ou porque a nossa sociedade civil não soube unir-se em torno do que é importante, deixando-se manipular por interesses corporativos ou por pura falta de visão. Portugal e os portugueses mereciam melhor.

Tiago Torégão
Economista
Jornal do Algarve 30.12.2004
 
2005 ano de eleições ...

Portugal, está mais uma vez em campanha. Ou melhor no dia 31 de Dezembro de 2004, em vez de desejarmos um Feliz Ano Novo, vamos desejar um Feliz Ano de Eleições. È que o Senhor Presidente da República quer queira ou não, é o responsável pelo ano de estagnação de vamos ter em 2005. Há quatro meses atrás Jorge Sampaio, tão convicto que está/estava das suas opções deveria ter conduzido o país a eleições, evitando tudo que se tem passado, desprestigiando a Presidência da República, a Assembleia da República e o cargo de Primeiro Ministro.

Contudo, está bem patente que as pressões estão vivas no nosso país. A forma como o sector bancário reagiu ao orçamento que o governo demissionário tinha preparado, o modo com João Salgueiro, procurou responder a Paulo Portas após as suas afirmações sobre as pressões deste sector sobre os governos, repercutem bem o estado espirito que este sector sentiu ao aperceber que um governo de centro direita, preparava-se para alterar privilégios dados como adquiridos.

Os grupos bancários estão no nosso país intimamente ligados aos grupos de comunicação social, e as reportagens, ideias e resultados manipuladores da opinião pública chegam a ser descarados. Existe uma preocupação iminente de denegrir a imagem de Pedro Santana Lopes, investigando os seus mais pequenos deslizes comportamentais, e ignorando factos como porque motivo, Marcelo Rebelo de Sousa odeia Santana Lopes, porque motivo Salgueiro desde a derrota na Figueira da Foz contra Cavaco Silva nunca mais se compatibilizou com o PSD, porque motivo Júdice não suporta o Primeiro Ministro?

O que se sabe é que existem muitas histórias subjacentes aos comentários e argumentos que estas personagens utilizam para denegrir a imagem de um governo, que não teve desde o primeiro minuto qualquer benevolência, empolgando-se assuntos que há décadas que fazem parte de todos os programas eleitorais e nada se tem feito.

O Partido Socialista por seu lado, parece arrancar para mais uma campanha eleitoral com compromissos ou fronteiras já estabelecidas, dado que aos olhos dos mais atentos não será alheio, o facto do sector bancário contar com o apoio deste partido no Governo, para alterar o Orçamento de Estado, não preocupados com aquilo que consideram opções estratégicas erradas, mas unicamente preocupados com a redução do IRC dos bancos, garantir o sigilo, e deixando os impostos e a crise para os habituais pagadores. Outra opção garantida caso o Partido Socialista chegue ao governo é o da co-incineração, desistindo de tudo o que havia sido feito e voltando ao princípio. Ou fim e ao cabo, fazendo aquilo que criticaram!

Será bom que os portugueses, formem a sua própria opinião com base em factos concretos e não com base em opiniões destorcidas e empolgadas à medida dos interesses dos media.

Pedro Gonçalves
Licenciado em Turismo-Marketing
Postal do Algarve 23.12.2004
 
O Balanço de um Ano

O Ano está a acabar... e de que forma!

Governo e Presidente da República parecem determinados em continuar um momento que reflecte, em grande parte, o Ano 2004.

2004 foi isto mesmo... um conjunto de acontecimentos menos bons para Portugal.

Diria que, tirando umas férias para a organização do Rock in Rio e Euro'2004, Portugal andou numa discussão constante em torno do tema: estamos em fase de retoma ou ainda estamos em crise?

No fundo, quando o País precisava de colocar as crises para trás das costas e avançar com a retoma e um ciclo crescente na economia e confiança, o que acabou por acontecer foi que o país voltou a mergulhar na instabilidade depois de, ainda este ano, ter passado por momentos de alguma expectativa com a saída do nosso ex-Primeiro Ministro e a entrada de um novo Primeiro-Ministro: Santana Lopes.

A realidade é que, apesar da coragem demonstrada na tomada de decisões polémicas, a instabilidade subsistia e foi de facto o factor comum a um ano cheio de altos e baixos (mais baixos que altos!).

No Algarve, a situação não foi melhor. O turismo, com a situação vivida em Portugal, acabou por não sair ileso. O Português que veio passar férias ao Algarve acabou por não gastar muito dinheiro, e mesmo os estrangeiros não conseguiram desviar os sinais de uma crise mundial que não vê dias melhores com tanta instabilidade e incerteza.

Apesar de tudo vê-se, ano após ano, uma melhoria qualitativa em termos da oferta turística. Isto apesar de o apoio do Estado não ser o melhor!

No entanto é bom ver que, de facto, o Algarve tem condições para se tornar um destino turístico com oferta de qualidade para os seus visitantes.

Com o Euro'2004 assistímos a uma panóplia de eventos que a todos deixou orgulhosos. Orgulhosos e confiantes num futuro que garanta (pelo menos) mais do mesmo.

Faro vai ser a Capital Nacional da Cultura 2005. A Casa da Música ainda não está concluída e parece que vamos entrar com o pé esquerdo no ano 2005 (pelo menos no que toca a cultura).

2005 precisa necessariamente de estabilidade, e parece-me que até que essa mesma estabilidade se encontre vão passar alguns meses. Adivinham-se tempos conturbados, mas como é apanágio da época que vivemos, é importante ter uma visão optimista do futuro.

Isto quer dizer que, pese embora os tempos possam não ser os melhores, certo é que melhores dias virão e a situação de todos vai certamente mudar.

O Natal trouxe-nos algumas surpresas, mas o Ano Novo certamente trará novidades.

O meu desejo é que o ano de 2005 seja melhor que 2004 e que a vida de todos os Portugueses em geral seja melhor a bem de todos.

Boas Festas!

Marco Rodrigues
Economista
Postal do Algarve 16.12.2004
terça-feira, janeiro 04, 2005
 
O que é nacional é bom

Um amigo que administra uma empresa de capitais alemães estabelecida em Portugal disse-me que iria ter direito a um carro atribuído pela empresa. Até aqui nada demais. No entanto, existia uma condição. O carro deveria ser.... alemão.

Tem-se assistido em Faro, e presumo que noutros pontos do país, à abertura exponencial de lojas pertencentes a chineses. Em conversa, alguém me dizia que o governo chinês pagava os custos de instalação de empresas criadas por chineses, no estrangeiro.

Há alguns meses, lia no jornal "Expresso" o testemunho de vários gestores de empresas nacionais de grande dimensão, de diferentes áreas de negócio, onde estes relatavam várias tentativas de internacionalização, com destaque para o mercado espanhol, sendo que, na maioria dos casos, as tentativas se saldaram em fracasso, graças aos fortes entraves burocráticos impostos pelo Governo do país vizinho.

Vivemos num mundo cada vez mais globalizado, onde se diz que as fronteiras estão a ser abolidas. A mão-de-obra, o capital e os bens produzidos circulam, cada vez mais livremente. No entanto, olhando para os exemplos atrás referidos, não os podemos deixar de ver como casos de proteccionismo, à indústria dos respectivos países, feita não só no próprio país, como também a partir de países estrangeiros.

No primeiro exemplo incentiva-se, fora da Alemanha, a compra de automóveis produzidos por empresas alemãs, No segundo, o governo chinês ao incentivar a criação de empresas no estrangeiro, está seguramente a garantir o escoamento da produção feita em território chinês.

Ao ver estes exemplos, pensamos naquilo que é feito para proteger a indústria nacional, e, numa primeira análise dificilmente encontramos exemplos como os acima descritos, pelo contrário verificamos que cada vez mais as empresas nacionais são vendidas a empresários estrangeiros, principalmente espanhóis.

Portugal tem sido competitivo nas indústrias associadas à mão-de-obra intensiva e pouco mecanizadas, casos do vestuário e calçado. Mas, com a abertura dos mercados internacionais e com a forte concorrência vinda de países como a China, a Indía, o Paquistão, e outros em que os custos com pessoal são substancialmente mais baixos que em Portugal, a produção nacional dificilmente será passíveis de qualquer protecção, que não advenha da própria qualidade dos produtos fabricados.

No entanto, cada vez mais vão surgindo no nosso país industrias em novas áreas como as telecomunicações e tecnologias de informação, desenvolvimento de software, saúde, componentes para automóvel, moldes, entre outras. E são estas as indústrias que poderão trazer valor acrescentado para o país através da exportação da sua produção.

Para tal é necessário promover e dar apoios para que aquelas empresas se possam expandir internacionalmente e exportar os seus produtos, e por outro lado, assegurar que, sempre que possível estas sejam de alguma forma protegidas. Nos recentes concursos lançados pelo Governo português para a compra de submarinos e ou de carruagens para o metro do Porto, entre outros exemplos, não seria demais pedir que parte da produção desses equipamentos assegurasse a incorporação de bens nacionais.

Afinal, muito do que se faz no nosso país, está ao nível do melhor que se faz no mundo, pelo que não devemos ter vergonha mas pelo contrário devemos incentivar o que é nosso, porque afinal, o que é nacional é bom.


Carlos Jorge Baia
Gestor de Empresas
Jornal do Algarve 16.12.2004
 
A Derrota do Poder

Que outro nome se pode dar aos resultados eleitorais para a Distrital de Faro, do Partido Social Democrata, ganhas por Mendes Bota ?

Uma expressiva derrota não pelos números em si, mas por ser uma derrota contra Isabel Soares, Macário Correia e Carlos Martins. Pessoalmente espanta-me estes resultados, porque normalmente quem está no poder leva vantagem sobre a oposição.

Então o que é que terá falhado na candidatura perdedora?

Certamente, desgaste de imagem não foi, talvez a falta de um discurso adequado aos acontecimentos que vivemos actualmente, a necessidade de demonstrações de independência em relação ao poder central. Por outro lado, Mendes Bota teve tudo do seu lado, após ter sido vetado a um ostracismo político, de ver a sua figura muitas vezes ridicularizada pela sua "poesia" e pela sua música popular, trouxe para a praça um discurso em idêntico à sua música, direccionado às massas.

Pessoalmente, o que este resultado me traduz é a falta de identificação que os militantes do PSD tem para com os líderes, denote-se que a distância entre os militantes e o PSD já é grande, a adulteração dos princípios e da ideologia que esteve na base do surgimento do PPD dissipou-se e não adianta andar a evocar o nome de PPD, quando as bandeiras levantadas nada têm a ver com a sua identificação. Se dentro do próprio partido, os militantes demonstram uma necessidade tão grande de mudança, que retiram confiança a três dirigentes históricos do PSD Algarve, preparemo-nos para as eleições que estão a caminho, porque retirando algumas ilações destes resultados internos, não podemos esperar nada de positivo.

Desejo sinceramente, que esta nova equipa comece a preparar de imediato o caminho para as autárquicas de forma independente e honesta, olhando não só para as obras que são inauguradas nos últimos seis meses, mas procurando candidatos competentes e identificados com as populações algarvias. Como Cavaco Silva alertava esta semana no Expresso, os políticos sérios e competentes têm que ajudar a eliminar os restantes ...

Pedro Gonçalves
Licenciado em Turismo-Marketing
Postal do Algarve 02.12.2004

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