segunda-feira, novembro 29, 2004
Portugal, lá fora e cá dentro
Portugal vive uma saúde externa que não consegue repercutir a nível interno. Com Durão Barroso a liderar a Europa, com assento entre os países mais ricos do mundo, o nosso cantinho será sempre relembrado.
No decorrer da semana passada tivemos a alegria de saber que Cardeal de Lisboa, D. Policarpo, era encarado por muitos como um forte candidato à sucessão de João Paulo II, o seria a primeira vez na nossa história, um Papa Português colocando o nosso passado religioso ao mais alto nível.
Outra figura que se preparava para colocar o país ao mais alto nível era o ex-primeiro-ministro, Eng.º António Guterres, que era considerado o principal candidato para secretário-geral da ONU, caso o democrata John Kerry chegasse ao poder nos E.U.A.
Temos motivos para estar orgulhosos com a possibilidade de termos o mundo a nossos pés.
Porém a nível interno, o Governo tarda em assumir-se como credível e as constantes polémicas com os "media" têm colocado o executivo em constantes embaraços, desde a polémica com Marcelo Rebelo de Sousa, em que não podemos dizer que o Governo tenha saído bem, o caso Diário de Notícias, e as constantes declarações de Ministros a vitimizarem-se, demonstram que este Governo contra tudo o que seria de esperar não consegue ter uma relação positiva com os meios de comunicação.
Este fim de semana, teremos o primeiro congresso do PSD, com Pedro Santana Lopes como presidente, e avaliando pelas moções que são conhecidas não terá a vida facilitada, onde serão abordados temas polémicos como a estratégia do partido para as próximas eleições, com coligações ou sem coligações sendo os resultados obtidos nos Açores nada abonatórios neste sentido, podendo uma decisão contrária a uma coligação abrir "brechas" ao nível governamental. O tema da concentração dos "media" e o caso concreto da PT/Lusomundo, também irá ser motivo de intervenção, e após as considerações efectuadas por Sócrates a este respeito, o país está atento ao que o PSD tem a dizer sobre este dossiê. O país aguarda igualmente o que sairá do Congresso em termos de presidências. Depois de Miguel Relvas ter anunciado o seu candidato presidencial - Cavaco Silva -, esperam-se os resultados do Congresso, sendo em minha opinião perigoso o posicionamento do partido ao lado de um nome neste momento.
Este Congresso surge numa altura muito delicada para o principal partido do Governo e para o seu presidente, dado que necessita essencialmente de uma legitimação incontestável ao nível interno, e de conseguir transmitir uma mensagem clara, objectiva e bem definida para todo o país sobre a sua estratégia para o país.
Pedro Gonçalves
Licenciado em Turismo-Marketing
Postal do Algarve 11.11.2004