vialgarve
Visite a nossa página vialgarve
quarta-feira, fevereiro 21, 2007
 
Semana I - Assunto: Grandes Centros Comerciais no Algarve
Quatro grandes centros comerciais – dois em Portimão, um em Olhão e um em Tavira – estão em fase de aprovação na região. Os processos (exceptuando o de Tavira, cuja análise deverá ser adiada por cerca de um mês) vão estar em cima da mesa, quinta-feira, numa reunião da comissão regional de licenciamento comercial.

O maior projecto previsto para a região diz respeito à construção de um megacentro comercial, semelhante ao Almada Fórum, na Quinta da Boavista, junto à Aldeia da Boavista, em Portimão. O novo espaço contempla cerca de 20 mil metros quadrados de área para lojas e 15 mil para instalação de um hipermercado, bem como seis salas de cinema e 1800 lugares de estacionamento. Ficará ainda dotado de uma bomba de gasolina e espaços verdes.A concretização deste megaprojecto – que já obteve parecer de localização favorável da Câmara de Portimão – implica a aprovação de um plano de urbanização.Nas imediações do referido centro comercial – em frente ao Maxmat – deverá ser edificado um ‘retail center’, cuja área de construção ronda os 12 mil metros quadrados.

Outro pedido de licenciamento apresentado à comissão regional – órgão em que têm assento sete entidades – tem como objectivo a instalação de um centro comercial em Olhão, dotado de mais de duas dezenas de lojas e cinemas.

Na ordem de trabalhos da reunião de quinta-feira consta o pedido de licenciamento de um centro comercial em Tavira, mas, segundo garantiu ao CM o presidente da autarquia local, Macário Correia, “o processo será retirado por razões burocráticas, voltando a ser apresentado dentro de cerca de um mês”.O projecto prevê meia centena de lojas, quatro cinemas, 12 restaurantes e um hipermercado Carrefour. O número de empregos a criar deverá rondar o meio milhar.“É um excelente projecto. Não temos dúvidas de que irá contribuir para a dinamização e requalificação de Tavira”, assegura Macário Correia. O edil considera ainda que o pequeno comércio não ficará a perder: “O novo centro comercial vai trazer mais gente, pelo que todos ficarão a ganhar.”Uma posição que não é partilhada pelo presidente da Associação de Comércio e Serviços da Região do Algarve. Gilberto de Sousa não tem dúvidas em afirmar que os projectos em causa representam “mais um passo no estrangulamento do comércio local”, exigindo “que sejam dadas contrapartidas”.Essa posição é também defendida por Paulo Pacheco, presidente da Associação Comercial de Portimão. Segundo ele, “há que melhorar as acessibilidades ao centro da cidade e criar mais estacionamento”.

INTENÇÕES DE INVESTIMENTO
O Algarve está na mira dos grandes grupos económicos. Conforme o CM já noticiou, à Direcção Regional de Economia foram apresentados cerca de duas dezenas de novos pedidos para a instalação de médias e grandes superfícies comerciais. Actualmente, segundo as contas da Associação de Comércio e Serviços da Região do Algarve (ACRAL), estão já em funcionamento cerca de nove dezenas de unidades, quase todas em concelhos do litoral, número que é considerado excessivo. Gilberto de Sousa, presidente da ACRAL, diz que os efeitos sobre o comércio tradicional têm sido esmagadores: “Todos os anos fecham as portas mais de duas centenas de lojas, embora também haja quem tente remar contra a maré, abrindo novos estabelecimentos.”

PROCESSO
COMISSÃO - Os projectos relativos a estabelecimentos de comércio a retalho com mais de três mil metros quadrados ou de conjuntos comerciais com mais de seis mil têm de ser aprovados pela Comissão Regional de Licenciamento.
CONSTITUIÇÃO - O órgão é composto por um representante da Área Metropolitana, um da Câmara respectiva, pelo director regional de Economia, pelo presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, pelo director-geral da empresa, por um representante da associação comercial da área de localização e por um membro da associação de consumidores.

José Carlos Eusébio - Correio da Manhã, 2007.02.20

*********************************************************************************************************************
Comentários:

Penso que esta proliferação de grandes superfícies pela região toda tem aspectos positivos e outros negativos, acontecendo já "canibalismo" entre elas, como se deu com o Faro Shopping "comido" pelo Fórum Algarve... Por outro lado, penso que as lojas Chinesas causam mais prejuízo ao comércio tradiocal do que as grandes superfícies...
Aspectos Positivos: criação de postos de trabalho, dinamização dos locais, obriga o comércio tradicional a modernizar-se e a evoluir.
Aspectos Negativos: a maior parte dos PT's são pouco qualificados e sem perspectiva de carreira, "empregos de salário mínimo", os lucros não ficam na região, há poucos produtos regionais à venda.

João Nuno Neves

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

É uma questão de mercado. A concorrência é positiva em todos os seus aspectos. Gera dinâmica para o consumidor abrindo o leque de opções e para os vendedores obrigando à geração de dinâmica. Não podemos esperar que seja o bloqueio à dinâmica empresarial a salvar o pequeno comercio, mas sim a sua capacidade de associação e de inovação. O pequeno comercio passa hoje pela criação de sinergias, de "centros comerciais abertos" e de uma oferta diversificada e concorrente.
Portugal sofre muitas vezes da necessidade de protecção em detrimento da inovação para sobreviver. Isso não implica que se permita uma proliferação de espaços sem um plano concreto das necessidades do meio envolvente e da dinâmica criada.

Alexandre Costa

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

O assunto é complexo.

Por um lado existem impactos positivos, desde logo para os consumidores. Melhora-se os acessos ao parque comercial, através da deslocalização dos centros comerciais (conceito geográfico) para a periferia das cidades, descongestionando-as e beneficiando os consumidores dos concelhos limítrofes.

Dinamiza-se o mercado de trabalho, pela oferta de empregos nas mais variadas áreas e nas empresas de fornecimento de serviços, que ganham mais uma oportunidade de negócio.

Do lado do pequeno comércio existe um problema de mentalidade, cultural de formação. Muito mais do que de escala. O chamado comércio tradicional não evoluiu com a região, com a economia, com as novas necessidades dos consumidores. Descurou na política de preços, de comunicação, de produto e em certos aspectos a política de distribuição, como o merchandising. Falham nos 4 pontos fundamentais.

É claro que muito do comércio que se instala nas grandes superfícies são tradicionais. Existem lojas que se instalam, da região e de fora dela, mas não deixam de ser comércio tradicional por isso. Claro que também existem as grandes cadeias internacionais, que são lojas-âncora, que chamam o consumidor.

Na distribuição alimentar podemos defender que existem problemas com a implantação de um Hipermercado. Mas será que os minimercados não aprenderam ainda que a chave do seu sucesso encontra-se no sortido, nos serviços de entregas, no acompanhamento pós-venda? Não podem concorrer com as milhares de referências dos “monstros” comerciais, mas podem especializar-se, podem procurar fidelizar com o serviço de aconselhamento, tantas vezes medíocre nas grandes superfícies.

Existem alternativas, como a associação comercial. Mas de nível integrado, empresarializado, não com o mero papel de representação que cabe às que existem neste momento. Porque motivo a baixa de Portimão, por exemplo, não se junta e gere a ”rua” como se de um centro comercial se tratasse? (que é: a céu aberto, mas é!)

Existem entraves naturais que resultam de cada empresário querer ser patrão. Lutou uma vida para isso, não querem agora deixar de mandar na sua loja, especialmente para colocar nas mãos de outros, nem que sejam gestores mais capazes. Mas é uma solução para limitar os impactos negativos do novo modelo de comércio. E este modelo tem uma grande vantagem concorrencial: responde às necessidades dos consumidores; estuda-os, tenta perceber o que os motiva, porque compram, o que querem, como querem, que serviços associados, que cross-selling é o mais adequado, que lojas se tornam complementares, que disposição e arrumação da loja permitem aumentar a margem… são tantos os factores, que o comércio tradicional não consegue, de forma isolada, dar uma resposta capaz. Se calhar é utópico… seja!

Tenham presente o que aconteceu à nossa agricultura. Quando era protegida, quando os salários eram miseráveis, funcionava. Com a abertura de novos mercados entrou em decadência. Apenas sobreviveu e começou a prosperar aquela que soube perceber o mercado, os gostos dos consumidores, que se internacionalizou, que investiu na marca…

Voltando ao assunto em questão, este modelo é o futuro, não é possível impedir administrativamente aquilo que o mercado quer. Será o mercado a limitar o número de superfícies. Certamente que à custa do tecido empresarial que não conseguir ou souber adaptar-se, inovar ou mesmo reinventar-se.

Por fim o conceito de marca. Isto não é novidade para ninguém. As marcas são fundamentais. Elas são símbolos que transmitem a cada um alguma coisa e que são trabalhadas nesse sentido. Quer seja a segurança, o estatuto, a adequação a um estilo de vida, a conformidade com um determinado padrão de qualidade, etc.

As marcas são o futuro. Alguns grupos regionais cedo perceberam isso. A região também tem cadeias de lojas que funcionam. É necessário mais, é certo.

E a marca que identifica os locais tradicionais, as antigas ruas direitas, comerciais ou das lojas? É necessário investir. Mas deve caber aos empresários, o mercado é assim. As empresas devem assumir riscos, ou falir e empregarem-se nas novas superfícies. Custa, eu sei, mas o investimento na promoção de Natal do Fórum Algarve não é subsidiado pela autarquia. O mesmo para o Algarve Shopping. Porque motivo a chamado comércio tradicional beneficia disso?

Por fim o estacionamento. Deve caber aos Poderes Públicos o investimento nas infra-estruturas rodoviárias, designadamente estacionamento e acessos, pois os benefícios são alargados à população. Os Centros Comerciais também beneficiam de investimentos públicos, nem que seja nos acessos, como ao nível das volumetrias de construção, que são quase sempre alargadas face ao que o PDM previa. Uma mão lava a outra.

Este assunto não é pacífico. Mexe com realidades díspares e aspirações diametralmente opostas. Sem consenso…
Jorge Lami Leal

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Os Centros Comerciais são uma inevitabilidade e estão para ficar. A sua facturação vale 8,4 mil milhões de euros e equivale a 5,6% do PIB, o que atesta a grande procura que têm por parte dos consumidores e ajuda a justificar a sua proliferação. Como podem os autarcas recusar algo que a população continua a procurar?

Os Centros Comerciais deviam por isso constituir um desafio para o comercial tradicional que durante muito tempo viveu encostado à sombra da bananeira, investindo muito pouco em promoção e animação. Em Faro, por exemplo, durante muitos anos houve uma tentativa para implementar o conceito de Centro Comercial em Espaço Aberto, sem que este tenha dado quaisquer frutos. Embora nestes últimos anos tenha havido um esforço de investimento combinado entre alguns comerciantes da baixa de Faro e a Câmara Municipal de Faro, nomeadamente no Natal, tudo está ainda por fazer. É quase desolador passear na Baixa de Faro ao fim de semana e deparar com quase todas as lojas, cafés e alguns restaurantes fechados. Para quando uma maior flexibilização dos horários de funcionamento do comércio tradicional? O comércio tradicional para combater os Centros Comerciais deve e pode faze-lo com as mesmas armas, mas para isso é necessário procurarem ser modernos e inovadores.

Uma última palavra para o problema do estacionamento: tanto quanto sei no Fórum Algarve os clientes não pagam estacionamento pelo simples motivo de que são os lojistas que suportam esse custo junto do concessionário. Um encontro de vontades entre os comerciantes da baixa de Faro e o concessionário do estacionamento da Pontinha permitiria concerteza ultrapassar com êxito para ambas as partes esta questão.

Tiago Torégão

terça-feira, fevereiro 20, 2007
 
Reanimação do blog vialgarve!!!
Vamos voltar a dinamizar o blog vialgarve, pondo os mebros deste grupo a opinar sobre assuntos relevantes para a região e para o País.

Novidades em breve...

Powered by Blogger

Weblog Commenting by HaloScan.com